Seu filho tem 5 anos, faz aniversário depois da data de corte (31.03 ou 30.06 dependendo do Estado) e você tem dúvidas sobre até que ponto vale a pena antecipar a matrícula ou não, seja por uma questão de idade, seja por uma questão de maturidade, então, LEIA este post e tire todas as suas dúvidas sobre matrícula de criança com menos de 6 anos no ensino fundamental I com opinião psicológica e psicopedagógica sobre esta transição.
#1 Decisão judicial
Uma decisão recente sobre a transição escolar, aquela em que passam as crianças de 5 ou 6 anos, quando vão da Educação Infantil para o Ensino Fundamental I, levou-me a escrever este artigo, pois geram muitas dúvidas nos pais. Eu mesma consegui através de uma ação judicial a matricula antecipada de uma criança em 2015, mas meu filho, que é de Setembro, fiz de tudo para evitar sua antecipação precoce e peço sempre para as professoras deixá-lo brincar (ler e escrever fica para o outro ano e para a vida toda).
#2 Ansiedade dos pais
Para Angélica Pedroso, sob o ponto de vista psicopedagógico e psicológico, os pais, ansiosos com o futuro dos filhos, acabam subestimando o valor do brincar na formação dos pequenos. E isso acontece, dentre inúmeros motivos, porque acreditam que antecipando algumas etapas, podem garantir um futuro de felicidades e sucesso para as crianças.
Ocorre que isso pode causar um desmerecimento de alguns aspectos fundamentais da vida da criança e que estão implícitos no brincar. Esses aspectos são enfatizados justamente na Educação Infantil.
#3 A importância do brincar presente na Educação Infantil
É no brincar que o indivíduo estabelece a construção de um universo criativo, desafiador, percebe pontos de vista diferentes, explora o mundo a sua volta, aprende a conviver com as adversidades e descobre maneiras de lidar com o mundo e as pessoas, habilidades que são fundamentais para um desenvolvimento saudável.
A alfabetização requer compromisso, atenção, foco e compromete o tempo do brincar, pois na aquisição da leitura e da escrita, o aluno realizará inúmeras atividades, necessitando enfatizar habilidades que remetam a dedicação e grande responsabilidade.
Será que os seis meses aparentemente perdidos, não poderão representar ganhos para a criança no futuro?
Angélica explica que esse ganho virá no decorrer do processo de aprendizagem, pois o indivíduo, quando pronto, poderá apresentar maior maturidade e segurança para lidar com os desafios apresentados em diferentes momentos, dentre eles na aquisição da escrita e da leitura, transformando esta etapa em um processo natural e prazeroso.
Para Vygotsky, o brincar cria a chamada zona de desenvolvimento proximal e desafia a criança a ir além do que já atingiu. O brincar nos 6 primeiros anos de vida implica num desenvolvimento neurológico, baseado no domínio corporal, imaginativo, cognitivo e principalmente nas relações sociais.
A criança que brinca aprende a ver o mundo como um lugar bom, repleto de coisas para serem exploradas e se percebe como parte deste contexto, ou seja, explora um grande potencial vivencial, que poderá fazer falta na vida futura.
#4 Da imaturidade emocional e a alfabetização precoce
Em sua experiência como psicóloga clínica, educacional e educadora há mais de 20 anos, Angélica observa cada vez mais crianças com diferentes dificuldades cognitivas e emocionais, acarretadas pela imaturidade emocional.
As crianças com imaturidade emocional frequentemente apresentam; inabilidade em enfrentar diferentes desafios, baixa estima, falta de motivação, dificuldade de compreensão dos conteúdos, dificuldades na socialização, sendo que a alfabetização precoce e o excesso de cobrança por resultados aparecem em inúmeros casos.
Será que não é necessário respeitar cada etapa do desenvolvimento infantil, reconhecendo a beleza inerente a cada uma destas fases?
Uma alfabetização precoce pode representar a inserção ao mundo adulto com compromissos, regras e obrigações sem muitas vezes subsídios emocionais para enfrentá-los, fato que pode trazer desprazer, medo e sensação de inadequação, por motivos que nada tem haver com capacidade cognitiva, mas pelo desinteresse no excesso de tarefas e falta de compreensão das propostas, tudo isso devido a: imaturidade, medo de frustrar os pais (que depositam inúmeras expectativas no sucesso das crianças) ou dificuldade na relação entre os pares, pois crianças maiores têm interesses diferentes dos menores (o que é totalmente natural).
A realidade do Ensino Fundamental I representa uma forma de expressão padronizada que precisa ser incorporada e que requer tempo, reforço, paciência e que em alguns momentos limita a busca por experiências concretas experimentadas no lúdico e no movimento.
Somos de uma geração que brincava e fazia uma coisa de cada vez, essa mesma geração construiu e evoluiu o mundo de forma assustadora com a TECNOLOGIA. Será que nossos pequenos não precisam reconhecer o verdadeiro sabor de SER CRIANÇA?
A sugestão da Angélica é: “Pais disponibilizem um espaço para brincar e percebam o quanto podem resgatar a afetividade e a real espontaneidade presentes no verdadeiro ato de brincar e ser feliz, sendo parceiros e incentivadores de seus filhos, e, principalmente, participando e respeitando cada etapa da vida deles”.
Então, porque tirar os pequenos precocemente daquilo que em nossa infância nos trouxe tanta felicidade? Será que esses meses antecipados farão realmente tanta diferença no futuro?
Angélica Pedroso
Educadora do Colégio Anglo Leonardo Da Vinci de Osasco, formada pela UNIP, pós graduada pela USP e pela UNIFIEO em psicopedagogia clínica.
Psicóloga e psicopedagoga clínica e educacional, especializada em atendimento infantil e psicoterapia individual para mulheres. Palestrante em Instituições de Ensino.
Atende em consultório próprio na cidade de Osasco, São Paulo. Para contato, ligue: 11 3654-3650.
Sou professora e trabalha na alfabetização de crianças com 6 anos. E como mãe tb concordo em esperar o tempo da criança. Mesmo que em alguns aspectos ela demonstre estar pronta, cognitivo, por exemplo, tem que se avaliar o todo.
Isso mesmo Claudia! Obrigada por participar e é importante valiar todos os aspectos antes de tomar essa decisão. Bjs
Gente, nao sei se é porque concordo com tudo o que foi escrito, mas adorei o texto… Rs.
Angélica, parabéns pelo belo texto, de uma clareza, leveza e incrível visão respeitosa pela individualidade e maturidade dos pequenos. Cada coisa no seu tempo, né!?!?! Adorei!!!! Parabéns também pela proposta, Etcemae!!!!!
Muito obrigada minha amiga Cibele! Fico muito feliz que tenha gostado e obrigada por participar. Você sabe o quanto sou ansiosa, mas concordei com tudo também. Cada coisa no seu tempo, afinal, eles já são bem avançadinhos para a idade deles, né? Bjão.
Obrigado pela opotunidade Edilene, e agradeço profundamente a participação da Cláudia e o carinho da Cibele.
Estamos inserindo nossos filhos em um ambiente norteado pela competitividade, exigência e insegurança. Tudo isso tem gerado muitos problemas para toda a família, onde a naturalidade, a beleza das pequenas coisas tem se perdido e um sentimento de vazio afetivo, insegurança pelo medo do fracasso e falta de valorização tem estado presente diariamente no consultório.
Realmente é necessário parar e refletir sobre onde queremos chegar e o que realmente importa na Vida. Bjs
Edilene, gostei muito do deu post. Muito esclarecedor. Eu já passei por esta dúvida. Minha filha tinha 4 anos e meio e na escola de educação infantil onde estava, começou a ser alfabetizada. Ela faz aniversário em Maio. Faltava apenas um ano para terminar a educação infantil. Mas eu resolvi trocar de escola….porque ela chorava muito. Não queria ir. Dizia q não queria ler…queria brincar . Troquei para uma escola onde usavam Março como limite e não Junho para entrar para o fundamental…então ela brincou muito mais…e para o desenvolvimento dela foi maravilhoso. Maturidade, sociabilidade, desenvolvimento da alfabetização. E adora ir para a escola!!!!
Ela agora é uma das mais velhas da turma! Ela acha o máximo fazer aniversário antes. Para mim esta decisão foi muito difícil, sofri e chorei….Mas hoje vejo que foi uma decisão muito acertada. Agora ela esta no segundo ano. E vai muito bem.