É impossível revelar a mãe deste mês sem derramar algumas lágrimas, mesmo depois de tantas que derramei ao editar o texto. Sua história de vida e maternidade é tão emocionante… e sinto-me privilegiada por ter acompanhado tudo sempre de perto. “Mãe do mês por Camila Rocha Kulas”, mais uma entrevista com mães que inspiram, presente que uma grande amiga, sua irmã Karina, me deu ao longo de alguns (muitos) anos.
Vou contar uma coisa para vocês: no casamento da Camila, eu chorei muito (acho que mais do que qualquer convidado, mesmo os parentes). Foi um mico total, gente! Mas, eu não conseguia me conter. Chovia muito e eu só pensava que as gotas de chuva eram as lágrimas de seus pais que não podiam estar alí, pelo menos não presentes de corpo.
E vou parar por aqui porque a história que lerão agora vale muito a pena! A Camila é um exemplo de que ter fé, esperança e correr atrás dos nossos sonhos sempre vale a pena, independente das dificuldades que já enfrentamos ou que viermos a enfrentar!
Camila, muito, muito, muito obrigada por ter aceitado o convite. Adorei ter você aqui este mês.
PESSOAL
Meu nome é Camila Rocha Kulas, tenho 33 anos, sou casada com o Clécio, formada em Engenharia Civil e mãe da Laís e do Miguel.
Sou a filha do meio da Cida e do Celso e tenho duas irmãs: Karina e Karla.
Tive uma infância muito gostosa: eu era muito moleca, não gostava de brincar de boneca e adorava jogar bola.
Já minha adolescência não foi tão boa assim. Ela foi marcada por algumas perdas. Aos 17 anos perdi a minha mãe devido ao câncer. Uma pessoa guerreira e trabalhadora, que dava a vida pelas filhas e virava a noite trabalhando para pagar nossos estudos. Nunca deixou faltar nada pra gente, principalmente amor e carinho. Durante todo o tempo da sua doença não deixou transparecer a sua dor, sua tristeza e seu sofrimento em saber que logo partiria.
Meu pai, assim como a minha mãe, mesmo depois de tanta batalha pela vida, também não conseguiu realizar seu sonho de ver suas filhas se formando na faculdade e construindo suas famílias. Após cinco anos do falecimento da minha mãe, ele também nos deixou.
Eu e minhas irmãs nos unimos ainda mais e eternamente amaremos umas as outras.
SONHO
O tempo passou… Se antes eu não gostava de brincar de bonecas, a vontade de colocar esta brincadeira em prática foi ficando cada dia mais intensa. Conheci o Clécio quando eu tinha 18 anos. Namoramos por 9 anos e nos casamos. Nunca escondi dele o meu desejo de ser mãe e de gêmeos. Depois de três anos de casados e ter aproveitado muito a vida a dois, resolvemos aumentar a família.
A casa estava sempre arrumada, com as coisas sempre no lugar, mas eu começava a imaginar tudo diferente: brinquedos pelo chão, roupas de bebê no varal, passeios com carrinho de gêmeos, dois cadeirões na sala de jantar e eu com apenas uma colher na mão dando comida para meus pequenos…
Enfim… Sonhar não é proibido. Mas, nem tudo é como e quando a gente quer.
O tempo foi passando, a ansiedade aumentando e a tristeza do negativo mês após mês. Foram dois anos de muitas tentativas e frustrações. Já tínhamos feito “todos” ou “quase todos” os exames comprovando a nossa fertilidade, até que a minha irmã Karina me indicou o Dr. José Roberto Lambert, ginecologista especialista em reprodução assistida.
Para falar a verdade fui um pouco resistente, pois não queria acreditar que eu não poderia realizar o sonho de gerar meus filhos, senti-los e ouvir seus corações batendo dentro de mim.
Confesso que fiquei com medo. Mas como eu sabia que um filho para mim seria pouco e a idade seria um fator de risco caso o tempo fosse passando, então, resolvi ir ao especialista.
TRATAMENTO
Realmente não tínhamos feito todos os exames e a surpresa veio no resultado do espermograma segmentado. Foi diagnosticado que o Clécio tem espermatozóides saudáveis, porém, em quantidade reduzida, o que poderia dificultar e levar mais tempo para uma gravidez natural. A solução dada pelo Dr. Lambert foi a FIV por ICSI (Fertilização in Vitro por Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóide) que consiste na injeção de um espermatozóide dentro do óvulo e a origem da vida se dá fora do corpo da futura mãe.
Aceitamos a sugestão do médico e logo começamos o tratamento. Se me perguntarem se foi fácil, eu respondo que não, mas, se me perguntarem se eu faria novamente, eu diria que sim.
O tratamento é bem chatinho. Foram momentos de dor, medo e incertezas. Mas, nunca perdi a fé. Toda injeção que eu mesma aplicava em mim, aumentava a esperança de poder gerar meus filhos.
Fizemos o tratamento direitinho: injeções para estimular a ovulação, ultrassonografias a cada três dias ou menos, retirada dos óvulos e espermatozóides, a ansiedade pela fecundação e evolução dos embriões e a transferência deles para o meu útero.
Nossa! Essa última etapa… Após a transferência foram 11 dias angustiantes!
No nosso caso, conseguimos quatro embriões, transferimos dois e congelamos os outros dois.
As pessoas tentavam me acalmar e me preparar para um possível “negativo”, mas eu não queria acreditar nisso.
REALIZAÇÃO
Chegado o tão esperado dia para a realização do teste de gravidez.
Surpresa: POSITIVO!!!
Não conseguia me conter de tanta felicidade. Esperei tanto por “duas riscas” vermelhas que nem conseguia acreditar no que estava vendo naquele momento.
Para ter total certeza fiz o exame de sangue e foi comprovado: estava grávida!!!
Não pensem que a ansiedade acabou por aí. Se vocês se lembram, meu sonho era ser mãe e de gêmeos!
Com o exame nas mãos fui até meu médico que na hora já me examinou. Assim que ele localizou um embrião pelo ultrassom, me disse:
– É Camila! Tem um embriãozinho aqui!
E eu logo respondi:
– Então procura o outro que eu tenho certeza de que ele está aí também!
Dito e feito: Gêmeos! Quanta felicidade! Que sonho!
Hoje me sinto realizada com a minha família: esposa de um pai maravilhoso e mãe de dois bebês abençoados. Resolvi dar um tempo à vida profissional para me dedicar de corpo e alma a eles, afinal, o tempo passa tão rápido que não quero perder nenhum momento deste sonho tão desejado!
Ah… E a casa já não é mais a mesma: brinquedos para todo o lado, roupas de bebê no varal, a Laís e o Miguel sentados no cadeirão e eu com apenas uma colher dando comida para eles!
Quem sabe um dia eu volto para contar como é ser mãe de gêmeos pela segunda vez!