O choro da culpa e da impotência

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A maternidade é um eterno aprendizado, eu sei, mas tenho a sensação de que passarei a vida toda questionando minhas atitudes e a dos meus filhos, procurando saber onde errei e como melhorar. Chorando por culpa e impotência, pelo que fiz e pelo que fui incapaz de fazer.

Ser filha única trouxe-me a sensação de que tanto os mimos, quanto às broncas, tanto o afeto, quanto à cobrança, recairam somente sobre mim, então, ter mais de um filho era questão decidida na minha cabeça (e foi aceita pelo meu marido), mas não poderia imaginar o que a briga por afeto e atenção pode gerar na cabeça de irmãos. E como saberia se não os tive?

Adoro ter três filhos (mesmo que a Estela tenha vindo de um baita susto e clique aqui para saber como foi), mas gostaria de ter sabido antes o quanto isso causaria de ciúmes e rivalidade entre eles.

Ontem, quando o Théo caiu e machucou o rosto e a boca, ele perguntou porque não estava feliz com ele (imagino minha cara de assustada e passada com a situação). Tentei explicar que fiquei triste pela queda (não adianta explicar que o problema era minha culpa de mãe) e estava preocupada com ele, mas ele não entendeu. Chorou, um choro sentido, e enquanto sussurrava ele falava: “fica feliz mãe, fica feliz comigo”. Tentei mais uma vez explicar que não dava para estar alegre vendo ele machucado e mais uma vez: “fica alegre, fica alegre comigo mãe”.

Poxa, meu filho, como explicar que o problema sou eu e não você! Abracei-o, falei que ele me fazia muito feliz e que eu já estava alegre só por ele existir. E ali ficamos até ele se acalmar…

Fiquei arrasada! A situação entre os irmãos está cada dia pior. Ele tem ficado super inseguro, apegado a mim, não faz mais nada sozinho, não deixa que outros façam, sendo enfático: “só minha mãe”. Fala o tempo todo que me ama, que sou sua princesa e que só eu farei tudo para ele. Meu coração fica partido. Tenho a sensação que essa insegurança é fruto das palavras e atitudes do José Carlos, mais velho, com ele, que cisma em enfatizar que o odeia, que não gosta dele, que só gosta da Estela, que ele é burro, idiota, e por aí vai.

Pra ajudar, estamos num processo de mudanças com o mais velho, ajuda de psicóloga e neuropsicóloga, mas ele é sempre fechado na hora de expressar sentimentos e por muitas vezes não tenho paciência com suas atitudes explosivas e violentas.

Mas, há meia hora, enquanto tomava um banho para baixar a febre (devido a uma amigdalite emocional com certeza!) falou pela primeira vez com todas letras: eu tenho CIÚMES dos meus irmãos. Você só faz as coisas para eles: só dá atenção para eles, só toma banho com eles, só brinca com eles, só dá comida para eles, e não faz nada comigo, não faz nada para mim!

Ah, Senhor! Tadinho do meu pequeno que não sabe mais o que fazer para chamar minha atenção! Ele nunca tinha assumido esse sentimento, mas deve ter chegado no seu limite também! E eu fiquei acabada por tantas vezes não ter dado atenção a esse sentimento.

Agora, como eu, simples mortal e pecadora, cheia de falhas e erros, que mais erro do que acerto, posso fazer para dar atenção a três crianças com idades e necessidades tão diferentes? E ainda cuidar da casa, dos meus trabalhos, lembrar que sou mulher e esposa?

Choro! Choro pela culpa que carrego por ter lhe dado irmãos.

Choro! Choro pela minha impotência em não saber como agir.

Choro! Choro porque amo, porque sou mãe, porque sou humana.

Choro! Porque neste momento, é a única coisa que me resta fazer!

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