Trabalhar em casa depois da maternidade: alegrias e agonias

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Todas as mães estão juntas, nas alegrias e agonias, seja quando trabalha em casa, seja quando trabalha fora, mas consigo falar com mais propriedade sobre trabalhar em casa depois da maternidade.

Trabalhar em casa depois da maternidade tem suas alegrias e suas agonias, como tantas outras coisas na vida!

Alguns dias sinto inveja daquelas mães que levantam cedo, se arrumam e saem para trabalhar (não vamos entrar no mérito, neste momento, de tudo que ela tem que fazer para os filhos ou juntos com eles). Focam no seu trabalho, no seu negócio, nas suas metas profissionais, resolvem seus problemas de trabalho, e têm uma rotina (quase) definida profissionalmente.

mãe que trabalha foraOutros dias, percebo que sou invejada por estas mesmas mães que saem para trabalhar depois da maternidade e que gostariam de ver os filhos levantarem, acompanhar o café, o almoço, a escolha da roupa, definir o cardápio do almoço e da lancheira, e não ter que avisar o chefe que foi levar o filho ao médico.

A verdade é uma só: nenhum modelo é perfeito!

Isto fica claro nas rodas de conversas com amigas mães, nas festinhas de aniversário dos amiguinhos, ou em qualquer outro lugar: sempre idealizamos um mundo que não existe, mas quero focar no mundo das mães que, como eu, trabalham em casa!

As alegrias de trabalhar em casa depois da maternidade

É realmente uma alegria saber que de manhã não tenho pressa que as crianças levantem, que eu mesma farei o café da manhã, escolherei a roupa, ajudarei a escovar os dentes, farei o lanche da escola, farei o almoço, e se algum levantar com coriza, febre, dor de garganta, gripe, ou qualquer outra coisa, estarei aqui para cuidar, medicar, ligar na pediatra e até levar ao médico, se preciso for.

Trabalhar em casa implica, na maioria das vezes, em flexibilidade, seja de horário, de rotina, de prazos, e isto ajuda muito depois da maternidade, pois é possível definir em que momento poderá fazer determinada coisa (levantar mais cedo, dormir mais tarde, final de semana, feriado, madrugada, enfim).

Além disto, a mãe acaba tendo a sensação de que aproveitou mais os filhos, de que acompanhou seu crescimento, deu as primeiras papinhas, viu e ouviu os primeiros passos, as primeiras palavras, as primeiras músicas, os primeiros desenhos na TV, entre tantas outras coisas boas de estar mais tempo ao lado dos filho.

Agora, tudo isto implica em várias agonias também!

As agonias de trabalha em casa depois da maternidade

Esta mesma mãe que alivia sua consciência, se alegra em acompanhar o filho, se diverte com os primeiros aprendizados, vive um conflito interno quase sufocante: mas, e minha vida profissional? Aqueles anos de estudo, dedicação, aprimoramento? Aquelas roupas e sapatos, as maquiagens, o almoço fora de casa, o happy hour no final do dia, o bate papo sobre assuntos de trabalho, aquelas horas ininterruptas que se dedicava a um caso ou um cliente, onde ficará tudo isto?

mãe trabalhando em casa felizSerá mesmo que todas as alegrias mencionadas superam todas estas agonias? Ou, por quanto tempo vão superar?

Trabalhar em casa, fatalmente, altera a rotina de trabalho de qualquer pessoa, mas, principalmente, depois piora depois que os filhos chegam. O tempo é dividido, a disposição diminui, os clientes desconfiam da sua competência anterior, mas, o pior de tudo: não tem rotina!

Você não sabe que horas ou quantas horas vai dormir, se no dia seguinte vai conseguir trabalhar, se seu filho acordará doente, manhoso, dengoso, choroso, querendo colo o dia todo, ou se ele vai tirar um cochilo durante o dia. Programar os trabalhos ou deixar algo para o último dia, é como contar com aquele gol no último minuto do segundo tempo: pura sorte!

mãe que trabalha em casa organizaçãoOrganização e disciplina é algo fundamental para a mãe que trabalhar ou quer trabalhar em casa: esquecer os compromissos é quase rotina (já esqueci um cliente no Fórum no dia de uma audiência), não encontrar o que precisa é fácil na bagunça que a nossa casa vira, esquecer de escovar os dentes e fazer as refeições, então! É preciso ter tudo anotado, esquematizado e disciplinar-se para conseguir fazer tudo, sem esquecer o que é, pelo menos, prioridade.

A criança vai crescendo, o tempo vai passando, e aquela mãe que gosta de trabalhar, que estava acostumada com aquela rotina, começa a sentir falta. Os sentimentos se dividem e ela já não sabe mais se está feliz de poder trabalhar em casa. Lembra daqueles almoços fora de casa, bate uma saudade de colocar aquele terninho, enjoa de ver sempre os mesmos pijamas, de comer todo dia sua comida fria ou requentada, de não conseguir concluir uma leitura, muito menos, um trabalho, etc, etc, etc!

Mas, eu amo tanto meu filho (os), nós pensamos!

Importante lembrar: o amor não está envolvido! É o lado mãe e a mulher que está em conflito!

Conclusão

São duas coisas complexas e difíceis de conciliar.

No fundo, não há o melhor, nem o pior. A vida é feita de escolhas e sempre existe uma que mexe mais com a gente! Ao colocar na balança, uma escolha falará mais alto e cabe à gente decidir.

Uma coisa é certa: nunca vai existir o certo e o errado. Nem o futuro será capaz de mostrar isto, porque não teremos mais a oportunidade de fazer diferente para saber como seria. Então, o importante é procurar ser feliz e explicar para sua consciência de mãe que você fez aquilo que achava melhor para o momento.

Tem mães que nasceram para viver a maternidade plenamente, ao lado filho, limpando, alimentando, ninando, ensinando, e tem mães que nasceram para viver a maternidade paralela ao seu trabalho e à sua vida profissional.

Não há nada de errado com nenhuma das duas formas, desde que ela e sua família estejam felizes com esta escolha!

Você já colocou na balança e optou por aquilo que parece ter mais peso para você? Qual foi a sua escolha? Você é feliz com ela?

Confesso que ainda vivo em meios às minhas dúvidas, mas optei, sempre, pelo lado que minha balança pendia mais: as alegrias de estar em casa ao lado das crianças, mesmo com tantas agonias.

Beijos nos corações alegres e agoniados!

 

Edilene Gualberto, autora deste Blog desde Set/2014, é advogada formada desde 2003, com escritório próprio desde 2006, e atuação em Direito Civil, Consumidor e Família. Há um ano decidiu trazer seu escritório para casa. 

 

 

2 COMENTÁRIOS

  1. Como em tudo na vida, as escolhas tem os prós e contras. Na maternidade não seria diferente, com o agravante da culpa.
    Nos culpamos por qualquer uma das escolhas…
    Eu escolhi trabalhar em casa, e fico feliz por essa opção que minha profissão permite. Mas exige muita organização, assim como quem trabalha fora. Se essa rotina sai um pouco dos trilhos, o caos se instaura.
    Adorei o texto! Beijos 😉

  2. Realmente na vida é completamente perfeito e dificilmente estaremos 100% satisfeitas com as decisões tomadas. Já trabalhei fora e atualmente fico em casa, me lembro que na época que trabalhava fora morria de vontade de ficar em casa com as crianças e hoje que trabalho em casa me bate uma vontade enorme de trabalhar fora. Vai entender né? rs
    Beijos

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