A difícil decisão de uma mãe de trabalhar em casa tempo integral é um texto sobre a decisão que tomei de trazer meu escritório para casa.
Recentemente escrevi um post sobre as cinco atitudes que me ajudaram a dar conta do recado: trabalho, casa e filhos, mas fiquei devendo minhas motivações para trabalhar de casa, e que já comentei algumas vezes na redes sociais.
Então, hoje conto para vocês como foi minha trajetória como advogada depois que me tornei mãe, quais as mudanças promovidas pela maternidade e porque, mesmo sendo uma difícil decisão, esse ano transferi, de vez, o escritório para casa.
As mudanças que a maternidade trouxe
Montei meu primeiro escritório de advocacia no segundo semestre de 2006 e um ano depois, estava grávida do meu primeiro filho.
De lá pra cá, muitas foram minhas mudanças comerciais (endereço, telefone, e-mail, assinaturas, cartões de visitas), e com o nascimento dos outros dois filhos, fui tentando adequar o meu trabalho às necessidades deles.
Dias antes do terceiro parto, consegui contratar uma secretaria super de confiança para ficar no escritório durante a minha ausência e pedi para que Deus norteasse meus passos, já que o futuro com os três era totalmente imprevisível na época.
Com o nascimento da Estela as dificuldades para trabalhar aumentaram: ela sempre exigiu muita atenção, dormia mal, sempre no colo, e ainda tinha que dar conta das necessidades dos outros dois, que ainda são crianças e precisam de comida, carinho, atenção, banho, escola. Isso sem levar em conta os afazeres de casa.
As coisas começaram a mudar quando recebi uma ligação da escola onde os meninos estudam, informando que abririam uma turma para bebês no ano seguinte e se eu tinha interesse em matricular a Estela.
Imaginem a minha resposta: “Quando? Ontem?” (Risos).
Isso clareou meus pensamentos, vi uma luz que parecia distante ficar próxima e achei que poderia manter o escritório e a secretária, já que em quatro meses, mais ou menos, teria as tardes “livres”.
As motivações para trabalhar em casa e a difícil escolha
Mas, como as coisas nem sempre acontecem como imaginamos, minhas tardes foram ocupadas de diversos afazeres, como: mercado, sacolão, açougue, consultas médicas, audiências, idas aos Fóruns, preparo da janta, já que a pequena chega super cansada e só quer colo, etc, etc, etc, e passados dois meses após o início das aulas, conseguia estar no escritório uma ou duas tardes por semana, quando conseguia ir.
Atrelado a isso, moramos de aluguel e a casa estava pequena demais com os três, então, comecei a procurar um imóvel maior e que tivesse espaço para trabalhar, mas isso implicava num aumento de custos que meu marido não poderia suportar sozinho, então, em uma de nossas conversas, percebemos que ter o escritório montado em casa poderia facilitar minha vida, evitaria o vai e vem, estaria sempre com as crianças e reduziria o custo de manter uma estrutura com aluguel, condomínio e funcionária.
Claro que foi uma difícil decisão! Tenho receio de que os clientes deixem de me procurar, não posso atender todo tipo de cliente em casa, perdi os clientes que subiam ao escritório através da placa indicativa na porta, fora o medo do arrependimento e de perder minha sala, mas temos que fazer escolhas e percebi que nessa fase, as crianças precisam mais de mim do que eu de dinheiro.
Além disso, escolhemos, eu e meu marido, deixar a eles mais momentos juntos e uma mãe sempre por perto, do que bens materiais, certos de que isso será muito valorizado por eles no futuro (e minha consciência muito tranquila).
Assim foi feito: alugamos uma casa em que pude montar meu escritório, troquei as despesas dele pelo aumento de despesas da nova casa, e conversei com uma amiga para atender alguns clientes no escritório dela.
O que mudou
Hoje tenho todos os arquivos, livros e documentos ao meu alcance, a qualquer hora, e o melhor: não preciso sair de casa sempre, nem ficar preocupada com outro espaço para cuidar. Além disso, enquanto faço meu trabalho, o feijão cozinha, a máquina bate a roupa, o bolo assa, o frango cozinha, e não preciso deixar as crianças (exceto para fazer audiências), pois tudo que preciso fazer fora, faço quando estão na escola.
NÃO É FACIL! Vou escrever sobre vantagens e desvantagens dessa escolha num próximo post, mas nesse momento, estou certa de que foi a melhor decisão.
Claro que a minha profissão permite isso, o que facilitou muito a minha escolha, e a renda do meu marido supre nossas necessidades básicas, então, entendo perfeitamente as mães que precisam trabalhar fora (seja por necessidade financeira, seja por necessidade mental, pois viver a maternidade e a casa vinte e quatro horas por dia, é bem pesado).
Agora, para as mães que têm essa dúvida (trabalhar ou não de casa), se têm essa opção, minha opinião é de que, enquanto temos filhos pequenos e que dependem da gente, sempre vale a pena, mas cada uma tem que respeitar os seus limites, pois tem mulheres que não conseguiriam passar o dia em casa, e eu as compreendo perfeitamente (tem dias que também quero tomar um “chá de sumiço”!).
O importante é ser feliz e estar consciente das nossas escolhas!